Sobrevivendo às dinâmicas - Parte 2
Chegou o momento do estudo de caso! Conheça os temas mais comuns, como pesquisar sobre eles e cuidados com a sua postura durante a atividade em grupo.
O artigo anterior da série sobre dinâmicas de grupo foi voltado para a Apresentação Pessoal. Hoje, o foco estará no Estudo de Caso.
Mas primeiro eu gostaria de fazer um adendo para quem super valoriza a Apresentação Pessoal:
O jogo não está ganho (ou perdido). Já diz a máxima do futebol:
“A partida só acaba quando termina”.
Não se confie demais por ter feito uma ótima apresentação pessoal (ou se desespere por ter “travado” na hora). Não se esqueça de que esse foi apenas o primeiro tempo. Ainda há uma partida inteira pela frente. O fato de ter se saído bem gera ainda mais expectativas sobre o candidato. Por outro lado, alguns candidatos que não conseguem falar bem na apresentação surpreendem na atividade em grupo. Desse modo, o segundo tempo será o momento de você dar o seu melhor.
Falando em futebol, esteja atento durante o…
…Show do Intervalo
Não, nada é avaliado durante o coffee-break, mas ainda assim é uma questão de bom senso tomar cuidado com o que se fala e com o tom da voz. Não é novidade que durante esse período de descanso os candidatos engatam conversa sobre os processos seletivos dos quais estão participando, e isso não tem nada demais. O que pode vir a ser um problema é o exagero. É preciso manter os ânimos sob controle e conversar sem excessos, ou seja: nada de palavrões ou de falar muito alto. Não se esqueça de que você está dentro de uma empresa, e não no corredor de sua faculdade. Na maioria dos casos, enquanto a dinâmica se desenrola em uma sala, reuniões e treinamentos acontecem nas proximidades, de forma que não se deve fazer muito barulho. Fica feio as consultoras terem de pedir para fazer mais silêncio, não é mesmo?
Dinâmicas: Um Estudo de Caso
Para quem é de Administração ou áreas afins, estudos de caso não são novidade. Já pessoas de outra formação podem não estar acostumadas com o método. Portanto, seguem algumas dicas.
Antes de mais nada, preste muita atenção! É muito comum candidatos perguntarem sobre o que já foi dito por estarem desatentos durante a explicação do case. Claro que também não é o caso de ter receio de perguntar, pois o bom entendimento da atividade é essencial.
Quanto ao conteúdo
Tema da atualidade
Se fosse feita uma análise geral de todas as dinâmicas e processos, provavelmente a conclusão a que se chegaria é a de que cerca de metade dos cases giram em torno do tema da moda: a Sustentabilidade. Por isso, embora eu seja contrária a fórmulas, se existe algum assunto ao qual eu recomendaria um estudo mais aprofundado, seria esse.
Veja por este lado, ainda que no final das contas o tema do case não esteja relacionado à Sustentabilidade, você terá adquirido um conhecimento inestimável para a sua vida pessoal e profissional, além de poder contribuir para um mundo melhor. Quer ganha-ganha melhor que esse?
E quando eu falo estudo mais aprofundado, realmente quero dizer que é necessário fazer uma boa pesquisa sobre o assunto, porque a maioria dos grupos apontam a Reciclagem como solução para todos os cases. E olha, eu tenho uma novidade para essas pessoas, ou melhor, várias:
A reciclagem não é a única nem a melhor saída para o Meio Ambiente.
Nem toda embalagem pode ser reciclada e raramente se tornará outra embalagem idêntica. Em boa parte das vezes ela poderá apenas ser transformada em algum outro subproduto.
Muitas vezes a energia necessária para se reciclar algo é tão superior à utilizada para a produção original que termina por ser tanto ou mais prejudicial ao Meio Ambiente.
A Reciclagem deve ser o último recurso. Antes dessa medida, devemos no mínimo pensar nos outros 2 dos 3 “R’s”: Reduzir e Reutilizar.
Ademais, o desenvolvimento sustentável está atrelado ao tripé econômico, social e ambiental, de modo que não se trata apenas de “preservar o Meio Ambiente”.
Mas eu já falei demais, especialmente levando-se em conta que não sou especialista no assunto. A minha intenção era mesmo a de abrir os olhos de alguns de vocês.
Caso queiram saber mais, um bom lugar para começar é o excelente blog da Julianna Antunes, que traz cases de sucesso das organizações e dicas de cursos sobre o tema.
Segmento do negócio
Logicamente, de um modo geral, os cases das dinâmicas também estão relacionados ao próprio negócio da empresa em questão. Desse modo, ao pesquisar sobre a empresa, não se limite apenas à sua cultura e história. Não deixe de ler sobre o segmento de negócio como um todo, quais são os produtos e serviços, quem são os principais players (concorrentes), como o market share está distribuído, oportunidades etc. Faça a sua busca em fontes confiáveis, como revistas especializadas (Exame, Você S/A, HSM) e verifique em jornais notícias sobre novas fusões e aquisições, legislação etc.
É importante ter em mente que, embora algumas empresas aceitem formações diversas, é necessário ao menos se ter uma noção sobre o segmento da empresa em que você pretende trabalhar. Portanto, se você é formado em Letras por exemplo, procure saber mais sobre o mundo dos negócios, uma vez que foi por essa carreira que você optou.
Muitos se perguntam: “o que tanto as consultoras anotam durante a atividade em grupo?”. Ao contrário do que muitos pensam, um dos pontos verificados é o conteúdo puro e simples. Sempre busque fazer uma autoavaliação de qual foi a sua contribuição dentro do grupo para a solução do case. E não venha com a desculpa que você é tímido. Trata-se de ter uma opinião e colocá-la para o grupo. O que é visto aqui é a sua visão estratégica, capacidade analítica e estrutura de raciocínio.
Quanto à postura
Tenho muito receio de passar “receita de bolo”. É preciso entender que cada um tem o seu jeito de ser e que cada empresa busca o perfil mais adequado à sua cultura e forma de trabalhar. Algumas empresas são consideradas mais agressivas e competitivas por levarem o conceito da meritocracia ao extremo. Outras são mais colaborativas e ainda dão os primeiros passos rumo ao reconhecimento diferenciado. Nenhum modelo é certo ou errado. O que não há dúvidas é que existe um modelo que combina mais com você. Dentro de uma mesma empresa, inclusive, existem departamentos que pedem perfis mais expansivos e extrovertidos enquanto outros pedem mais foco, análise e introspecção.
Dito isso, certos pontos se aplicam à maioria das empresas. Comentei acima sobre a necessidade de colocar as suas opiniões. Algo essencial é o cuidado com a forma de colocá-las. Você não pode simplesmente impor o seu modo de pensar, mas também não deve deixar de expressá-lo porque há outras pessoas do grupo “dominando” a discussão. Saber ouvir também é um ponto chave. Procure não interromper e de fato prestar atenção no que seu colega diz. Concentre-se no trabalho e esqueça que há pessoas lhe observando.
Sabe aquele candidato inconveniente, que só fala quando uma consultora “chega perto” e ainda por cima só repete o que já foi dito? E aquele que não deixa ninguém mais falar? E o candidato que só olha pro relógio o tempo inteiro dizendo para o grupo “ter foco”, enquanto ele mesmo não contribui em nada para se chegar a uma solução? Há também os que disputam ferozmente quem escreverá na “folha de flip-chart” ou ainda quem será o primeiro a falar na apresentação do case.
Você não acha que a consultora já está acostumada e percebe todos esses “tipos”? Eu não estou dizendo que você deve ficar mudo quando a consultora estiver perto, ou que você não deve olhar para o relógio, nem muito menos que não deva escrever no cartaz. O que eu quero dizer é que as consultoras percebem quando o candidato não está agindo de forma natural (ou seja, elas identificam os “fakes”).
A minha dica então é que, em vez de confabular mil teorias sobre o que está sendo avaliado, simplesmente faça o seu trabalho e participe ativamente no seu grupo, mas do seu jeito.
Por fim, se esforce ao máximo para controlar a ansiedade e o nervosismo, pois podem indicar insegurança ou falta de habilidade em trabalhar sob pressão, por exemplo.