Uma Maria Bonita em SP: Bruxa do 71
São Paulo tem um jeito bem particular de numerar os apartamentos de seus prédios, o que pode gerar mal entendidos. Confira em mais um artigo da série.
“Quem é bruxa? Eu não sou nenhuma bruxa!”
Eu: Oi! Já cheguei aqui no prédio. Qual é o seu apartamento?
Amiga: Eu moro no 114.
Depois de dar com os burros n’água no 1º andar, finalmente cheguei ao andar correto, o 11º.
São Paulo e suas numerações. Eu já não tenho lá um grande senso de direção. Com “pegadinhas” assim aí é que eu fico desorientada mesmo (tsc tsc). Esse jeito de se numerar é tão particular dessa cidade que os seus próprios hotéis não se arriscam e seguem a forma “tradicional”: 101, 201 e 301 para o 1º, 2º e 3º andar respectivamente.
Mas eu já devia saber. Em cada lugar que eu vou, sempre me aprontam uma dessas. Uma vez, no trabalho lá no Canadá, perguntei onde ficava determinado setor. Fui informada de que ficava no 2º andar. Subi então as escadas e procurei em vão pelo departamento. Consultei novamente uma pessoa que passava pelo corredor:
Pessoa aleatória: Ah! Você tem que ir para o 2º andar.
Eu: Hã? Mas esse não é o 2º andar?
Pessoa aleatória: Hã? [Excuse me?] Não, nós estamos no 3º piso.
Ah! O 3º piso! Eu sempre esquecia que, tanto nos EUA como no Canadá, o térreo já é considerado como o 1º andar, pois é o 1º piso (1st floor). Desse modo, quando me disseram que o departamento ficava no 2º andar, eu deveria ter me dirigido ao que no Brasil chamamos de 1º andar.
Confuso? Nem tanto. Na dúvida, use sempre o elevador. Não importa quantos andares serão percorridos de fato. No elevador, sempre que você pressionar o número, será levado ao piso correspondente.
Você: “Sei… mas e o que a bruxa do 71 tem a ver com tudo isso?”
Bem… Ocorre que, em qualquer outro lugar, eu teria morado no 701. Como fui parar em São Paulo, terminei por me tornar a moradora do 71, tal qual a personagem do Chaves (a Dona Clotilde, mais conhecida como a bruxa do 71). Vai ver foi a própria que me pregou essa peça! Tratei logo de ser uma vizinha bem boazinha, especialmente com as crianças. Vai saber, né?
Ainda bem que os paulistanos já estão acostumados com esse sistema. Em minha terra, eu não teria escapado do apelido!
Caso você também tenha alguma anedota para compartilhar, se aprochegue, que aqui sempre cabe mais um.
Créditos da imagem: Montagem por Cíntia Reinaux. Ilustração do MASP por Henrique Erzinger. Não consegui encontrar quem fez a Maria Bonita.
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