Mitos e Verdades: Limite de idade
Quando somos reprovados ainda na triagem, logo começam a surgir diferentes teorias. Entre elas, a mais desoladora: Será que não passei pela minha idade?
Uma das situações mais decepcionantes de um processo seletivo para trainee é ser reprovado ainda na fase de triagem. Logo começam a surgir inúmeras teorias:
“É porque eu não tenho experiência internacional”, ou
“Porque não estudei em uma faculdade pública”, ou ainda
“Porque tenho mais de 25 anos”.
Em um outro artigo, já falei sobre o mito da necessidade de experiência internacional. Hoje gostaria de falar sobre a existência ou não do limite de idade.
Mito ou Verdade?
Antes de mais nada, quero deixar claro que o que vou dizer aqui não representa a forma de se trabalhar de nenhuma empresa ou consultoria em particular, OK?
Dito isso, não sejamos ingênuos. Logicamente existe sim um limite de idade, ao menos na maioria dos casos.
Antes de ficar revoltado e começar a esbravejar que essa prática é proibida por lei, procure ser sensato: Se a proposta de um Programa de Trainee é trazer jovens talentos para uma organização e formá-los para que se tornem futuros líderes, qual é o sentido de contratar uma pessoa de 40 anos, por exemplo?
As companhias então adotam um limite que varia entre 26 e 30 anos. Já vi inclusive algumas que registraram esse requisito nos cartazes de divulgação dos programas (que tipo de retaliação elas sofreram por isso eu já não sei dizer). Também no ano passado houve uma que fez exatamente o contrário: esclareceu no site que não fazia distinção de curso ou idade.
Na prática, o próprio governo estipula limite de idade em algumas situações, como ocorre com os programas de inclusão social em que as instituições contratam jovens aprendizes. A idade nesses casos é delimitada entre 14 e 24 anos. Afinal, trata-se de dar a chance ao jovem de ter o seu primeiro emprego.
De modo semelhante, tanto o cargo de trainee como o de estágio são o que chamamos de entry levels, isto é, portas de entrada. Seria até desleal concorrer com uma pessoa mais velha, que em geral é bem mais experiente e possui especializações ou mais de uma formação superior.
Por outro lado, uma vez inserido no mundo corporativo, você irá descobrir que muitas delas determinam uma idade mínima para posições sênior (de diretoria, presidência etc). Sempre inconformados, novamente nos queixaremos: “Como é que pode não sermos considerados prontos para assumir uma posição por conta da idade?”. Concorde ou não, isso não apenas é prática comum nas organizações como também aparece na própria lei de nosso país. Ou você não sabe que para se candidatar à presidência do Brasil é necessário ter no mínimo 35 anos?
Portanto, é fato que, ao longo de nossa carreira profissional, enfrentaremos situações que consideramos injustas, como a existência de limites de idade (para mais ou para menos). O que não podemos é desanimar por conta disso. Devemos continuar lutando pelos nossos objetivos, tendo sempre em mente que sim, o trainee é uma das melhores portas para o mercado de trabalho, mas não é a única.
Uma atualização…
Esse artigo foi escrito em 2010, uma época em que os programas de trainee não eram nem um pouco inclusivos, muito menos diversos. Já não concordava com a prática então, mas procurei mostrar a lógica de tal limitação existir, ainda que não fosse algo transparente ou justo. Em 2022, manteria boa parte do que escrevi, mas fecharia com o comentário de que caberia a cada um de nós mudar essa realidade. E como tem sido gratificante ver esse cenário evoluir!
A tendência atual é de não existir mais o limite de idade. As empresas mais sérias já adotaram isso e expressam claramente que não fazem esse tipo de restrição (se todas estão dizendo a verdade eu já não posso garantir). O que eu posso sim afirmar é que hoje é relativamente comum encontrar trainees de 30, 35 e 40 anos, algo virtualmente impossível em 2010.