Como é fazer parte do Lab 99 com Mayara Paixão
A 3ª edição do Lab 99 + Folha de Jornalismo está com inscrições abertas. Confira entrevista com Mayara Paixão, que ficou em 3º lugar em 2019.
Quanto mais a conclusão da graduação se aproxima, mais aumenta a nossa preocupação em relação ao futuro: o que fazer depois da faculdade? Será que estamos preparados?
É por isso que iniciativas como a do Lab 99+Folha de Jornalismo merecem ser divulgadas! Trata-se de um treinamento online gratuito que irá capacitar 30 estudantes e recém-formados em Comunicação Social. As inscrições vão até 19 de julho.
Os jovens terão aulas com especialistas sobre temas da nova economia, técnicas jornalísticas, e produção de podcasts para canais digitais com editores, repórteres e colunistas da Folha. E, como se não bastasse, irão concorrer automaticamente a 9 mil reais na categoria Jovens Jornalistas do Prêmio 99 de Jornalismo.
Em 2020, entrevistei a Mayara Paixão, que ficou em 3º lugar na edição de 2019, que teve como tema a Mobilidade Urbana (o tema em 2021 é Tecnologia para Todos).
A construção da matéria ajudou Mayara a perceber as diferenças em falar de mobilidade em São Paulo e em Sergipe, pois ela fez com uma dupla que tinha uma realidade e uma visão de mobilidade diferente da dela, que vive em São Paulo. Confiram o nosso papo!
Como era a Mayara antes de entrar no Lab 99? Você já havia tido alguma experiência na área? Quais eram as suas expectativas?
Antes do Lab eu já vinha trabalhando com jornalismo e reportagem há 3 anos, comecei a trabalhar no 1º ano da graduação. Esse pensar a pauta e construir o texto não eram novidades para mim, mas outras coisas sim. Em relação ao tema, eu já tinha feito pauta sobre mobilidade, mas elas eram focadas na urgência do cotidiano, nas pautas diárias, pautas quentes, como aumento na tarifa e reclamação do transporte público. Nunca havia me proposto a pensar em uma pauta de profundidade, análise e imersão em relação à mobilidade urbana, entendendo que mobilidade urbana é muito mais do que transporte.
Antes de começar o Lab 99, a minha expectativa estava muito mais voltada para o aprender mais sobre mobilidade urbana, ampliar o meu espectro de visão sobre o que é esse tema tão importante para o jornalismo e para as pessoas. Logo no início isso se transformou, pois compreendi que aquele seria um momento de troca muito importante com os colegas de outros estados, para ampliar um pouco a minha visão sobre o que é ser um jovem jornalista hoje no Brasil, e não só na região Sudeste, que é de onde eu falo.
E qual foi a principal mudança depois do Lab 99? Como você percebeu sua evolução? Que aprendizados você aplica até hoje?
O que eu mais percebi na minha evolução foi a minha capacidade de trabalhar junto, de ouvir mais o outro no processo de construção da pauta, de trabalhar colaborativamente mesmo. Isso foi também o que foi mais marcante para mim, a troca com os colegas selecionados. A diversidade regional proporcinou uma riqueza muito ímpar para o processo do Lab 99.
O que mais te chamou atenção nessa experiência? O que foi mais marcante?
Outra coisa que me chamou muito a atenção foi que, nessa expansão que a gente tem da compreensão do que é a mobilidade urbana, é possível entender no Lab 99 cada vez mais como essa discussão diz respeito ao direito das pessoas, que é o direito à cidade, e como é importante pensar esse direito à cidade interseccionalizado com várias outra pautas, igualdade de renda, racial, de gênero, idade. No caso de minha pauta e da Ana Luiza, falamos sobre infâncias. Então eu acho que pensar o direito à cidade para diferentes públicos foi muito marcante para mim.
Você ficou em terceiro lugar no prêmio de 2019. Conta um pouco como você se sentiu e como essa conquista foi importante para a sua carreira.
Sobre ficar em terceiro lugar eu sinceramente não esperava, mas eu fiquei muito feliz. Não esperava porque achei muitas pautas incríveis, embora tenha achado a nossa também incrível. Talvez por uma visão estereotipada do jornalismo, que acredita que a pauta que está falando de um problema, de uma desigualdade e de um desafio sempre será uma pauta que vai sobressair sobre pautas que falam de experiências positivas.
Por conta desse estereótipo, eu não achava que a nossa pauta fosse estar entre as selecionadas, mas ela esteve e isso foi também um aprendizado, para que eu compreendesse um pouco mais a importância que pautas positivas, e quando eu digo positivas, não só felizes, mas pautas propositivas, que mostram experiências que deram certo e que podem ser replicadas com base na fala de especialistas, usuários e cidadãos, e não só no que a gente pensa. Acho que eu consegui compreender também a importância que essas pautas propositivas têm para o jornalismo e que muitas vezes elas podem ajudar inclusive a superar desafios.
Ao falar sobre o direito à cidade pra infância, pras crianças, e ao falar sobre experiências brasileiras e internacionais que têm sucesso nesse sentido, a gente também ajuda a romper barreiras: primeiro, que é trazer a criança para o jornalismo e entender que ela deve ser protagonista das pautas também e, segundo, que é falar sobre esse tema também na perspectiva da infância, porque foi um tema que a gente conseguiu compreender que até no campo da arquitetura e da mobilidade urbana é um pouco secundarizado.
Você hoje está estagiando na Folha e em breve terminará a faculdade. Conta como está sendo essa experiência e quais são os seus planos para o futuro? O que você deseja para a sua carreira?
Sim, estou estagiando na Folha agora (estou super feliz!), mas estou há muito pouco tempo. Vou completar um mês, e antes disso fiquei 3 anos no Brasil de Fato e um tempo na ABRAJ. Está sendo bem legal! Para minha carreira, pretendo continuar aprendendo com os colegas, sempre conseguir sugar tudo de bom que os colegas jornalistas, sendo jovens ou mais experientes, possam agregar na minha formação. Se tem uma coisa que aprendi é que nada a gente faz sozinho, é todo um processo de construção coletiva que quando a gente acha que está fazendo sozinho é porque alguma coisa a gente está fazendo errado. Pretendo que isso continue sempre e que eu vá conseguindo ocupar os espaços que eu almejo. A minha vontade é fazer cobertura internacional sobre a América Latina, que é uma região que eu tenho muito apreço e gosto muito de estudar.
E aí? Curtiu a experiência da Mayara? Quer participar também? Então se inscreva até 19/07/2021 pelo link Lab 99 + Folha de Jornalismo 2021.
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