Dez mil
Em uma era em que podemos ter milhares de discos na palma das mãos, como fica o prazer de colecionar? Confira na tirinha "Malvados", de André Dahmer.
Não é que eu não seja fascinada pelos avanços da tecnologia, mas sou do time que adora livros: tê-los nas mãos, folhear as páginas, fazer anotações nas margens. E adoro uma biblioteca. Percorrer estantes em busca de livros. E como gosto de arquivar coisas! Seja fisicamente ou no próprio computador.
Cheguei mesmo a pensar em ser bibliotecária. Levaria jeito. Ou mesmo quem sabe daria uma boa historiadora. Porque eu gosto de documentar tudo. Para mim, um caderno com as anotações da escola tem o poder de revelar tantas informações sobre uma pessoa quanto um diário.
Bem, talvez nem tanto, mas é uma delícia encontrar algo seu bastante antigo, há muito esquecido em uma caixa, e então se redescobrir. Reecontrar-se com uma parte sua que nem se lembrava existir.
A parte preferida do meu quarto é uma estante que está comigo desde os 3 anos de idade. Até mesmo já comentei sobre ela em uma de minhas colunas no ClickCarreira. É só olhar para ela que eu percebo todo o meu amadurecimento ao longo dos anos. De bichos de pelúcia a Clarice Lispector, esse delicado móvel já abrigou de tudo.
Acho que, no fundo, eu sou uma grande colecionadora. Não tanto pelo tamanho das minhas coleções, mas sim pelo carinho que tenho por elas. Cada coisa com o seu significado.
Veja também
Mais conteúdos sobre gerações
Engraçado. Lembrei-me de um filme agora, chamado Uma Vida Iluminada, adaptado do livro Tudo Se Ilumina, de Jonathan Safran Foer. Nele, o personagem principal coleciona absolutamente tudo o que vê pela frente. Excêntrico, com certeza. Mas não deixa de ser tocante vê-lo embalar lembranças na forma de objetos.
Que bom seria se um dia pudéssesmos carregar no bolso todas as nossas coleções, especialmente aquelas que guardam um significado especial.
Transcrição da Tirinha
Um senhor idoso de óculos mostra a sua coleção de discos em uma estante exageradamente alta para uma garotinha (presumivelmente sua neta), que segura em sua mão um pequeno dispositivo (possivelmente um iPod).
Vovô: Vinte anos de coleção: são mais de quatro mil discos.
Netinha: Toma, aqui tem mais dez mil.